Não, você não leu errado. É opções mesmo, não ações.
O mercado de opções serve para investidores que querem proteger suas ações das rápidas mudanças que estão presentes no mercado de renda variável. As opções são negociadas na B3, como tudo nessa categoria.
Pode parecer confuso no começo, mas vou trazer alguns exemplos para explicar de um jeito fácil o que é mercado de opções e como ele funciona.
O que é mercado de opções?
Mercado de opções são aqueles investimentos que dão garantia ao investidor que ele terá, por um tempo determinado, o direito de comprar ou vender um ativo por um valor pré-determinado na data escolhida no momento do contrato.
Como funciona o mercado de opções?
Agora que você já sabe o que é mercado de opções, vamos entender como ele funciona. Confere só o exemplo que eu trouxe!
Imagine que você compre um apartamento ainda na planta. O dinheiro investido ali é como se fosse investido no mercado de opções.
Vamos supor que o valor do apartamento na entrega das chaves é de 300 mil reais. Como ele não está construído e não será entregue ainda, você precisa pagar somente uma entrada.
Nesse cenário, vamos pensar que a entrada foi de 30 mil, ou seja, você pagou esse valor para ter o direito de comprar o apartamento por 300 mil.
Agora o que você tem nas mãos? O direito sobre um apartamento que vale 300 mil reais e que será entregue no futuro.
Pronto, você entendeu como funciona esse investimento.
Agora, para fazer ainda mais sentido, vamos fazer o paralelo necessário com o mercado de opções.
Indo a fundo nos valores
Você desembolsou 30 mil para o direito de comprar o apartamento de 300 mil, agora imagine que um ano depois, ainda antes da entrega, este apartamento esteja cotado em 330 mil. Você, uma pessoa muito esperta, negocia esse contrato com outra pessoa que lhe pagará o atual valor.
Olha o que aconteceu aqui:
- inicialmente, você desembolsou 30 mil;
- assumiu a responsabilidade de pagar 270 mil na entrega do apartamento;
- antes de receber o apartamento você vendeu para uma outra pessoa que lhe pagou 330 mil
A conta ficou assim:
- você investiu 30 mil;
- recebeu 330 mil;
- pagou 270 mil para a construtora.
O resultado dessa operação é que lhe sobrou 60 mil (30 mil que você investiu + 30 mil de lucro).
Em outras palavras, você teve um lucro de 100%. Nada mal, né? E esse lucro só foi possível porque você pagou apenas uma parte do contrato, mas teve direito sobre o contrato inteiro.
Antes de irmos para a prática do mercado de opções, é importante ressaltar que, assim como você conseguiu, nesse caso, potencializar seus ganhos, se o preço do imóvel caísse, você potencializaria sua perda na mesma proporção.
Agora sim, vamos para a prática.
As opções na prática
No mercado de opções temos uma CALL, uma opção de compra, semelhante ao caso do apartamento e uma PUT, uma opção onde você compra o direito de vender uma coisa no futuro.
Vamos entender melhor cada uma delas:
CALL
Vamos fazer a seguinte analogia: você não tem nenhum ativo, mas acredita que as ações do Banco ABC serão valorizadas e que daqui 30 dias elas estarão valendo 30 reais.
Como está apostando na alta do ativo, você compra uma opção de compra para ter o direito de adquirir a ação pelo preço pré-estabelecido de 30 reais.
Se depois de 30 dias as ações realmente estiverem valendo 40 reais, por exemplo, você compra cada uma por 30, vende por 40 e lucra 10 reais em cima de cada uma delas. Certo?
Na verdade, não.
Para você comprar uma opção você precisa, necessariamente, pagar um prêmio. Esse prêmio é semelhante a entrada do apartamento. Isso significa que você paga uma fração do valor do ativo para ter direito sobre ele. O que difere, nesse caso, é que o prêmio não é abatido na hora da compra.
Então, imagine que para comprar a opção você pagou R$1,00 de prêmio. Nesse caso, nossa conta fica assim:
- você pagou R$1,00 de prêmio;
- ganhou R$10,00 por ação na hora da venda;
- o valor do prêmio será descontado do lucro.
Portanto, nesse nosso exemplo, você ganhou R$9,00 por ação. Ainda assim parece um excelente negócio, né? Você investiu R$1,00 e ganhou R$9,00.
Sacou?
PUT
Já na opção de venda acontece o caminho contrário da negociação. Imagine o seguinte cenário:
Você acredita que as ações do Banco ABC vão cair. Cada ação vale 20 reais, mas você acha que o valor delas vai cair para 10 reais.
Então, você paga um prêmio para ter o direito de vender cada uma por 20 reais. Assim, se esse quadro der certo, você venderá por 20 reais algo que vale 10 (descontando, é claro, aquele hipotético 1 real que você gastou para comprar a opção de venda).
Resumindo a CALL e PUT
A gente pode resumir as opções da seguinte forma:
Se você acredita que o preço de um ativo vai subir no mercado, você compra uma opção de compra (CALL). Isso porque você pode comprar por um preço mais baixo do que preço que estará no futuro.
Se você acredita que o preço de um ativo vai cair no mercado, você compra uma opção de venda (PUT). Isso porque você poderá vender por um preço mais alto do que o preço que estará no futuro.
Agora, imagine que por alguma razão, sua estratégia tenha dado errado. Ou seja, se no caso da opção de compra das ações do banco ABC, o preço, ao invés de subir, cair. O que acontece com seu investimento de um R$1,00 (o prêmio que você pagou)? Bem, nesse caso, é bom você ser bem desapegado e dar adeus para esse valor.
Em outras palavras, estou falando que se a estratégia der errado você não exerce o seu direito e perde o que pagou de prêmio. Aliás, para quem compra a opção, o valor do prêmio é sempre o máximo que pode perder, caso a operação dê errado.
Um pequeno resumo do Mercado de Opções
Uma pergunta que talvez você esteja fazendo é: Tiago, mas se eu pago o prêmio, quem recebe esse dinheiro? A mão invisível do mercado?
Quem recebe o valor do prêmio é a contraparte da operação. Traduzindo: é um outro investidor que negociou com você.
Então, se você comprou uma opção de compra, significa que você pagou um prêmio para ter o direito de comprar alguma coisa. Se você pagou, alguém recebeu, né?
Pois é, quando você paga para ter o direito, você está dando o dinheiro para alguém ter a obrigação. Assim, se você tem o direito de comprar, caso exerça seu direito, o sujeito que recebeu o prêmio tem obrigação de vender.
O contrário é verdadeiro. Se você pagou para ter o direito de vender, o sujeito que recebeu o prêmio tem obrigação de comprar, caso você exerça seu direito. Fácil, né?
É importante colocar essas funções em termos técnicos. Veja só:
- O sujeito que paga o prêmio para ter o direito é chamado de TITULAR da opção.
- O sujeito que recebe o prêmio e se compromete em ser a contraparte é chamado de LANÇADOR da opção.
Assim, o lançador tem obrigação. Ele recebeu um prêmio para isso. O titular tem o direito. Ele pagou o prêmio para isso.
O mercado de opções é fascinante e, ao mesmo tempo, amplo demais. Para que esse post não fique ainda maior, vou encerrando por aqui e prometo que, na próxima semana, trago mais informações sobre os riscos e mais alguns termos utilizados nesse mercado, o que acha? Semana que vem tem mais.
Agora você já sabe o que é mercado de opções e entendeu como ele funciona. Confira outros artigos sobre investimentos e amplifique ainda mais seu conhecimento sobre o setor para alcançar os melhores resultados.
